As filhas do cabo aposentado José Camilo Rodrigues, 74 anos, que teve o corpo queimado depois de falecer no Hospital da Polícia Militar do Recife, no Derby, acusam o Instituto de Medicina Legal (IML) de ter trocado o corpo do pai no momento do reconhecimento. Elas vieram de Vitória de Santo Antão, na Mata Sul, e estiveram no local na manhã desta quinta (30), para levar o corpo e providenciar o enterro.
"Depois de tanta confusão no hospital, a gente chega no IML e eles vêm nos dizer que foi um erro, só o que tinha queimado era o lençol, o nosso pai não estava queimado, era uma fuligem na pele e eles limparam. Estão pensando o que? Que vão mostrar um corpo que não é o do meu pai, todo branco, e que vai ficar por isso mesmo?", criticou a professora Josenaide Mônica, filha do cabo aposentado.
As duas estavam nervosas com a falta de informações do IML e ainda não tiveram notícias sobre o motivo e origem das queimaduras. “No hospital, eles disseram que ninguém viu, que ninguém sabe, que pode ter sido combustão espontânea, mas até o perito [do IC] ficou surpreso com o caso, disse que nunca tinha visto. Já eu não acredito que foi um acidente”, completa Geane.Ela alega que falou para os peritos que não reconhecia o pai e que só depois de a sua irmã ir fazer o reconhecimento é que desfizeram a troca. "Quando fui reconhecer o corpo no IML, primeiramente não deixaram porque disseram que haviam trocado o número de identificação e por isso minha irmã não viu meu pai. Só agora, quando fui novamente, pude ver o corpo queimado, da cabeça aos pés, igual ao que eu tinha visto no hospital ontem", afirmou a cabeleireira Geane Silvânia, irmã de Josenaide.
Segundo ela, dois prontuários foram feitos no hospital: um do momento em que o paciente deu entrada, no dia 8 de fevereiro, até quando foi para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e outro do período de interamento na UTI -- e apenas um deles teria sido entregue à família. “Não conseguimos achar o prontuário de quando ele deu entrada e ninguém está nos informando corretamente. Já fomos em vários lugares do hospital e nada de encontrar”, aponta Geane. As duas filhas afirmam que vão procurar a Justiça para solucionar o caso e solicitarão exame de DNA.
A família aguarda a liberação do corpo do IML, prevista para o início da tarde. O velório e enterro serão no cemitério de Vitória de Santo Antão, onde moram.
A assessoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), que responde pelo IML, informou ao G1 que vai abrir um inquérito administrativo para investigar o caso e punir os culpados, caso a troca seja comprovada. A SDS também afirmou que vai procurar a família para que a denúncia seja formalizada na Corregedoria e recomenda que os familiares prestem queixa na Delegacia de Santo Amaro.
Entenda o caso
José Camilo Rodrigues foi internado no Hospital da Polícia Militar no começo de fevereiro, por causa de um câncer de pulmão. A família foi comunicada sobre a morte dele na tarde da quarta (29) e veio ao Recife providenciar o funeral. Quando retornaram à unidade de saúde com a equipe da casa funerária que prepararia o corpo para o velório, foram informados que o cadáver havia pegado fogo.
Entenda o caso
José Camilo Rodrigues foi internado no Hospital da Polícia Militar no começo de fevereiro, por causa de um câncer de pulmão. A família foi comunicada sobre a morte dele na tarde da quarta (29) e veio ao Recife providenciar o funeral. Quando retornaram à unidade de saúde com a equipe da casa funerária que prepararia o corpo para o velório, foram informados que o cadáver havia pegado fogo.
Heldo Souza, perito do IC, fez uma análise preliminar do cadáver. "O corpo ainda estava sobre a pedra do necrotério, com marcas de queimadura no rosto e tórax. O lençol tinha alguns pedaços queimados também. Estamos trabalhando com todas as hipóteses, mas o que parece mais, no momento, é que o fogo tenha vindo de fora. Combustão espontânea, que é quando um corpo queima sozinho por resultado de algum processo químico, é uma hipótese raríssima", explicou.
A Polícia Militar informou que vai instaurar inqúerito, a partir de sexta-feira (02), para apurar o caso. Em nota, a corporação explica que, após serem informados por populares que havia fumaça saindo do necrotério, PMs que estavam no hospital verificaram que "o lençol que cobria o corpo estava queimado, provocando lesões no mesmo. Não foram detectados danos no circuito elétrico do local e nem havia velas acesas ou outros acessórios que pudessem provocar fogo no lençol ou no corpo. A mesa onde o corpo estava encontrava-se isolada de contato de qualquer objeto que pudesse provocar a queima do lençol"
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